quarta-feira, 24 de agosto de 2011

David Gallahue no Brasil!!!

          20/08/2011! Esse foi um sábado realmente incrível!!! Neste dia participei de um workshop de Desenvolvimento Motor com o Mestre David Gallahue que aconteceu no Mackenzie Tamboré, organizado pelo Grupo de Coordenadores das Escolas de Esporte, um grupo de Profissionais de Educação Física da mais alta competência. São eles coordenadores de grandes clubes e escolas de esportes, que todo ano com a preocupação de fazer um trabalho de excelencia, proporcionam palestras e workshops para todos os professores que trabalham sob sua coordenação. Já tive o prazer de ministrar uma oficina “Jogos que Educam” para alguns desses professores que trabalham sobe a coordenação desse grupo maravilhoso. Conheci esse grupo pela Adriana Zoppello, que faz parte desses coordenadores, e hoje é além de uma grande amiga, minha grande parceira de trabalho com os jogos cooperativos e a gestão de grupos.

         Cheguei uns minutos atrasada, mas exatamente na hora em que o mestre David Gallahue disse: Bom dia! E em seguida discursou durante 2 horas uma excelente palestra, falando sobre os estágios do desenvolvimento motor, aquisição de habilidades, o despertar das capacidades físicas, como desenvolver a motivação. Ao final da palestra um sorteio de três livros, entre eles o livro do Gallahue "Educação Física desenvolvimentista para todas as crianças". E a sorte estava ao meu lado, ganhei o livro! Mas não foi apenas isso que ganhei naquele dia! A generosidade de David em transmitir seu conhecimento é sensacional, assim como a incrível disponibilidade em atender a nossas dúvidas.

Sempre ao lado de David estava Renato, doutor em biomecanica pela USP, que estava como tradutor simultâneo, então aproveitei sua presença para conversar com David.

Dani – Renato me ajuda a fazer uma pergunta para ele.

Renato – sim , fala.

David presta atenção.

Dani – Há 9 anos atrás eu fiz um workshop com você na FMU e nessa ocasião eu te fiz uma pergunta que hoje gostaria de refazer e acrescentar mais uma pergunta.

Renato – Calma! Deixa eu traduzir

David – FMU, yes.

Dani - Ele entendeu!

Renato diz em inglês para ele que eu quero refazer uma pergunta que fiz naquela época.


Dani – naquela época eu tinha um aluno que durante o treino de vôlei sacava por baixo de uma maneira totalmente fora do padrão motor, mas seu saque era eficiênte, sua bola passava para o outro lado da rede e caia dentro da quadra do adversário, ele sacava assim (realizei o movimento para mostrar e nesta hora ele disse...)

David – I Remember! Excellent question!

Dani – (paralisei por um instante, fiquei muuuuito feliz por ele lembrar! Comemorei internamente e então continuei...) a pergunta foi a seguinte, é mais importante aprender o movimento padrão ou conseguir realizar a tarefa mesmo que o momento não cumpra o padrão? Na época você me respondeu realizar a tarefa, disse que era importante que o aprendiz tivesse sucesso. Complementando a pergunta, quero saber se mesmo ele obtendo sucesso com um movimento diferente, devo deixá-lo seguir fazendo esse movimento diferente ou devo ensiná-lo o movimento padrão?

David respondeu em inglês

Renato – ele disse que vai responder pra todos quando todos se sentarem, que essa pergunta é muito boa.

Então quando todos se sentaram novamente antes de encerrar a primeira parte da manhã ele disse que algumas pessoas tinham feito perguntas e tinha uma que ele queria responder a todos. Ele retomou todo contexto anterior para situar a todos e respondeu:

David - Sim a tarefa realizada, o sucesso do participante é mais importante. Se devemos ensinar a ele o padrão de movimento? depende de muitos fatores, em primeiro lugar temos que ver se o indivíduo quer, se ele tem interesse nisso, pois se for só para recreação ele pode fazer o movimento que quiser, mas se um dia ele quiser tornar-se um jogador de vôlei ele terá que aprender a sacar por cima de qualquer forma, seguindo certos padrões de movimento. Se decidirmos por alterar o movimento, temos que saber como motivar nosso aprendiz, pois ele poderá voltar a fases anteriores de erro e insucesso até adaptar-se ao novo movimento.

          Aproveitei para autografar meu livro, almoçamos e seguimos para a parte da tarde onde iniciamos com mais um momento de palestra. A palestra desta vez falava da importância do auto-conceito, que podemos chamar também de auto-estima, ou seja o que você pensa sobre si mesmo, o valor que você dá a si mesmo. O poder que nós professores temos em aumenta ou diminuir essa auto-estima, com palavras ou gestos positivos ou negativos. O quanto devemos cuidar da forma que iremos motivar nosso aprendiz. Em seguida passamos a uma parte prática pra colocar todos os conceitos em ação. E pra fechar com chave de ouro não podia faltar a foto pra eternizar esse momento!


Essa semana David Gallahue está no Brasil se você tiver a possibilidade não perca a oportunidade de estar com ele!

Dani Tonioli

quinta-feira, 14 de julho de 2011

O que de fato ensinar nas aulas de Educação Física?

         Diferente de outras disciplinas da escola a Educação Física não em um currículo organizado de modo que se aprenda o mesmo conteúdo independente da escola, como acontece na maioria das outras disciplinas como matemática, história, língua portuguesa entre outras. No caso da Educação Física o conteúdo oferecido depende da concepção que a escola tem sobre a área, mas principalmente da competência do professor e de sua disposição em variar e ampliar o leque de possibilidades.

         A Educação Física já passou por transformações, desde inicialmente sua influência na era militar, com o propósito de fazer ginástica para manter o corpo forte e saudável, passando por uma fase com a preocupação de ensinar a cuidar do corpo, desde as necessidades básicas de higiene a saúde do corpo e  uma outra com o foco nos esportes, na produção de possíveis atletas, além dos jogos e brincadeiras que sempre permearam nossas aulas. Nossos objetivos vão desde essa educação do corpo, passando pelo aprendizado e aperfeiçoamento das modalidades esportivas, visando à promoção da saúde e também a recreação, o lazer, a socialização, aprender a conviver e a trabalhar em grupo. Atualmente misturamos tudo isso em nosso planejamento, cada tema desses representando um bloco temático. Ainda sim as escolhas, os recortes que são feitos de todo esse universo irão depender muito dos professores e de sua competência.




           Já há alguns anos acompanho o trabalho de Marcos Garcia Neira, um pesquisador, que é Doutor em educação pela USP e tem graduação tanto na área de educação física como na pedagogia. Isso a meu ver amplia sua capacidade de ver a educação física nesse contexto escolar. Seu trabalho mais recente em parceria com o Prof. Mario Nunes chama-se “Cultura Corporal”. Uma metodologia com base na pesquisa de campo para trabalhar os elementos da cultural corporal durante as aulas de educação física. Marcos juntamente com Mario coordena um grupo de pesquisa na área da educação física escola, com o foco em estudar assim como aplicar essa pedagogia da cultura corporal.

http://revistaescola.abril.com.br/educacao-fisica/fundamentos/vez-formar-atletas-analisar-cultura-corporal-487620.shtml

           Claro que cada escola e cada professor precisam adequar às propostas a sua realidade, nem tudo funciona em todos os lugares. O importante é conhecer todas as possibilidades que estão sendo experimentadas e trazer o que pode contribuir para que você dentro da sua realidade consiga construir uma prática melhor. Afinal cada realidade é uma uns tem 20 alunos outro 50, uns tem 50 minutos outros 30, uns tem quadra outros mal tem espaço, uns tem materiais outros improvisam como podem, uns tem uma aula por semana outros tem a sorte de terem duas.

          Fico muito feliz de constatar que temos muitos profissionais de Educação Física Escolar de qualidade. Recentemente, há um mês atrás ministrei um curso no Sieeesp, para professores de Educação Física Escolar, com o intuito de ensinar a criar novos jogos, compartilhar da minha experiência como profissional dessa área, ensinar o que pra mim funciona, e poder aprender ainda mais com cada um dos participantes que ali estavam. Pessoas preocupadas em fazer melhor a cada dia, preocupadas em valorizar a área, preocupadas em fazer seu trabalho da melhor forma, pessoas que buscam reciclar e aprender, modificar, fazer diferente, buscam fazer melhor. São pessoas assim que fazem a diferença na educação.

        E você o que pensa sobre isso? Que conteúdos você anda abordando em suas aulas? Você encontrou um bom caminho para sua prática?

   Uma coisa que não podemos deixar de pensar é que conteúdo basta acionar o google, o que vai de fato ser importante em uma aula são as vivências que podemos proporcionar o tipo de reflexão que iremos propor, que relações estabelecemos entre esses conteúdos, que saberes iremos construir. O conteúdo é um meio, ele não deve ser um fim. Há algo muito mais importante que me faz escolher um determinado conteúdo, é o que de fato tem maior relevância pra vida. No caso da educação física como lidamos muito com atividades coletivas o aprender a conviver e a respeitar os outros a meu ver são conteúdos de fundamental importância. Aprender a viver e a se relacionar com a vida isso é o que no fundo mais importa.

Namastê!!!

sábado, 16 de abril de 2011

Educar para um mundo melhor

       Educar para um mundo melhor ou educar para o mundo em que vivemos? Se educarmos para um mundo melhor alguns dirão que estamos educando para um mundo ilusório, que lá na frente essas pessoas sofrerão por não saber lidar com o mundo real. Mas também por outro lado se continuamos educando da mesma forma, pensando nesse mundo violento que temos hoje não sei de fato onde vamos parar. Acredito que na verdade a pergunta a ser feita deva ser a seguinte: Em que mundo você quer viver? Qual o mundo que você constrói a sua volta?
        Essa é minha forma de educar! Eu sou ou ao menos busco ser aquilo que quero do mundo, se quero um mundo honesto preciso ser honesta, se quero um mundo cooperativo preciso cooperar, se quero um mundo que me respeite tenho que respeitar o universo, se quero um mundo sem violência preciso ter paz dentro de mim.
         Na aula de educação física além de desenvolvermos habilidades motoras, também desenvolvemos habilidades relacionais, de convivência, por meio de jogos e brincadeiras podemos trabalhar o comportamento humano. O jogo e a brincadeira em minha opinião são ferramentas incríveis, pois essas ferramentas nos propiciam a trabalhar com essas questões. Todos nós sabemos lá no fundo que o sabor de uma vitória honesta, onde eu realmente mostro minha capacidade, tem um saber bem diferente de uma vitória roubada. Por mais que ninguém tenha percebido, dentro de nós a uma consciência que tem essa percepção e que sabe bem a diferença.



         Respeitar as regras do jogo, compreender porque elas existem e modificá-las quando necessário. As regras construídas em conjunto, de forma compartilhada trazem benefícios a todos. A regra precisa favorecer todos os jogadores, não somente alguns jogadores e muito menos apenas o mais habilidoso, que é quem de fato o que menos precisa ser favorecido pela regra por já ser o favorecido na habilidade em prova.

         Respeitar as regras do jogo é respeitar as regras na vida. Respeitar porque entendemos a importância da regra e valorizamos seu significado, respeitar porque a regra é boa pra todos, não simplesmente porque ela existe. Porque existem regras que não tem sentido de existir. Por exemplo, tive a infelicidade de passar alguns anos de minha vida em uma escola da qual eu realmente não gostava porque tinham regra sem sentido como, pelo uniforme ter duas cores determinadas os alunos só podiam usar tênis que fossem de uma dessas duas cores. Essa regra é boa pra quem? Por diversas vezes fui parar na diretoria por estar usando um tênis de qualquer outra cor e eu dizia a diretora: “Se você me provar que usando uma dessas duas cores de tênis eu irei aprender mais, eu virei com o tênis dessa cor, pois realmente não vejo sentido na importância da cor do tênis que estou usando, esse é o tênis que eu tenho porque tenho que comprar outro? Só pra combinar com o uniforme?”.

“We don't need no education
We don't need no thought control
No dark sarcasm in the classroom
Teachers leave them kids alone
Hey! Teacher! Leave them kids alone!
All in all it's just another brick in the wall
All in all you're just another brick in the wall”


        No fundo todos nos queremos apenas ser felizes. A questão é que cada um busca a felicidade de uma forma e às vezes não percebe que a sua felicidade pode afetar a felicidade do outro. Mas se desde crianças aprendemos a ter essa habilidade de não pensar apenas em nós mesmo, mas sim pensar no todo, estamos aprendendo ética, estamos educando para um mundo melhor, e que pode ser melhor de verdade, com seres humanos felizes que respeitam uns aos outros. É nesse mundo que eu quero viver!





segunda-feira, 21 de março de 2011

Yoga como conteúdo das aulas de Educação Física


             Além da Educação Física Escolar o Yoga é minha outra grande paixão. Meu interesse por essa prática surgiu depois de ler o livro "Corpo Mente" de Ken Dychtwald, durante o curso de graduação em Educação Física. Depois de 10 anos praticando finalmente me formei instrutora dessa prática. Hoje dou aulas de Power Yoga, na escola onde também ministro aulas de Educação física. O Yoga é muito mais antigo do que a Educação Física, estudos nos mostram que a mais de 5000 a.c. na India já haviam indícios dessa prática. O Yoga não é apenas uma série de exercícios físicos e nem uma religião como muitos acreditam, mas sim, uma filosofia de vida.
           O termo Yoga significa união, união do corpo, da mente e dos sentimentos. Ele visa a evolução do ser humano, a transformação, a expansão da consciência, um estado de consciência chamado Samadhy. O caminho para se chegar a Samadhy é a meditação. Uma das linhas do Yoga chamada Hatha-Yoga acredita em fortalecer o corpo e deixa-lo saudável para meditar. Assim, além da meditação o Hatha-Yoga propõe a realização de uma seqüência de movimentos realizados de acordo com o ritmo da respiração com alguns momentos de permanência, essas posturas ou posições são chamadas Asana. O Hatha-Yoga oferece um trabalho de consciência corporal, de fortalecimento muscular, melhora da flexibilidade, além de auxiliar na redução do estresse e da depressão, também melhora a concentração e nos ajuda a ter mais foco e equilíbrio.



            Há 3 anos introduzi o Power Yoga como conteúdo das aulas de Educação Física do 8º ano do Fundamental II, o foco não foi falar da filosofia, mas sim, trabalhar a consciência corporal, e experimentar alguns benefícios dessa prática, como aprender a respirar, a relaxar, a desenvolver flexibilidade, força muscular, equilíbrio e experimentar a sensação de bem estar que sentimos após a prática. A experiência foi tão interessante que no ano passado resolvi experimentar o Yoga nas aulas de Educação Física do Ensino Médio, e o resultado foi maravilhoso. Antes disso muitos alunos se ausentavam das aulas de Educação Física, não mostravam muito interesse pela prática, foi então que no segundo semestre de 2010 resolvemos oferecer duas opções, um dos professores desenvolveria o conteúdo trabalho em aulas teóricas como capacidades físicas: flexibilidade, força, ou anatomia: sistema esquelético, e muscular, entre outros assuntos, por meio do esporte e eu por meio do Yoga. E assim por livre e espontânea vontade os alunos participam dessa prática. Cada vez mais temos percebido os benefícios do Yoga para nossos jovens nessa fase pré-vestibular.

           Pratique Yoga, experimente! Leve essa prática para seus alunos também! Mas lembre-se Yoga não é Educação Física portanto procure um instrutor capacitado que possa oferecer essa prática para seus alunos! Ou quem sabe você também não se apaixona e resolve fazer um curso de formação...
 http://www.aliancadoyoga.com.br/




Quer saber mais sobre Yoga...
http://www.yogasite.com.br/
http://www.yoga.pro.br/inicial.php


Namastê!
Dani Tonioli